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6 arquétipos psicológicos nas parcerias e o que mostram

Você já entrou numa parceria achando que seria uma dança sincronizada e acabou num ringue de boxe? Pois é. Nem todo parceiro é o que parece — e alguns podem sugar sua energia como vampiros corporativos.

De forma breve, apresento 6 arquétipos psicológicos comuns dentro das parcerias e organizações que influenciam diretamente a dinâmica e o sucesso das relações profissionais, mas com um leve toque de humor para amenizar a amargura do mundo:

  • PARCEIRO KITNET (individualista/autocentrado) – É aquele que vive em seu próprio universo, acreditando ser a solução para tudo — mas só para si mesmo. Egoísta, sempre encontra justificativas para não cumprir suas responsabilidades dentro da parceria, drenando recursos e energia do coletivo. É como um fornecedor que sempre busca cobrar mais por seus serviços, oferecendo soluções que só beneficiam a própria empresa, sem flexibilidade ou interesse em entender as necessidades reais do cliente. No projeto, prioriza apenas seu lucro imediato.

    Este arquétipo se relaciona ao conceito de egocentrismo na psicologia do desenvolvimento, termo usado por Jean Piaget para descrever a dificuldade de ver o ponto de vista do outro. O parceiro individualista prioriza seus interesses próprios, negligenciando o coletivo.

    Referência: Jean Piaget (Psicólogo, Suíço, 1896–1980) — teoria do egocentrismo infantil adaptada para adultos em contextos sociais.

     

  • PARCEIRO CELEBRIDADE (influenciador/exibicionista) – Brilha em eventos, tem uma rede invejável de contatos, mas quando o assunto é entrega e compromisso, sua luz se apaga. Dedica pouco tempo para as parcerias que firmou e, por isso, acaba deixando muitas pessoas na mão — que perdem tempo, oportunidades e confiança investidos nele. Um exemplo seria uma coach famoso que aceita múltiplos contratos, mas atende superficialmente seus clientes.

    Relaciona-se ao conceito de narcisismo em psicanálise, especialmente nas ideias de Sigmund Freud e Heinz Kohut, que descrevem a necessidade de reconhecimento e admiração como motor do comportamento. Este parceiro foca em sua imagem e prestígio mais que na entrega concreta.

    Referências:
    Sigmund Freud (Neurologista/Psicanalista, Austríaco, 1856–1939) — fundador da psicanálise e estudos sobre narcisismo.
    Heinz Kohut (Psicanalista, Austríaco-Americano, 1913–1981) — psicologia do self e narcisismo saudável vs. patológico.

  • PARCEIRO CAMELÔ (disperso, procrastinador) – Faz barulho, promete mundos e fundos, mas na hora de agir, some como fumaça. Pouco comprometido, procrastina etapas essenciais, adia contatos importantes e mantém seu envolvimento no superficial, causando frustrações e retardando o progresso. Na prática, um representante comercial que sempre adia o fechamento de negócios importantes, atrasando projetos e cumprimento de estratégias.

    Aqui aparece a evasão e procrastinação, mecanismos de defesa descritos por Anna Freud, onde o indivíduo evita situações de conflito ou responsabilidade. Esse parceiro fala muito, promete, mas evita a ação concreta.

    Referência:

    Anna Freud (Psicanalista, Austríaca-Britânica, 1895–1982) — mecanismos de defesa: procrastinação como forma de evitar ansiedade.

  • PARCEIRO BOLICHE (ambicioso) – Só mira no strike. Despreza jogadas simples, ignora o processo e atropela relações em busca de troféus. Movido pela vaidade e ambição desmedida, sua sede por reconhecimento pode destruir relações genuínas e consistentes. Por exemplo, uma Startup que recusa pequenos contratos para buscar grandes vitórias instantâneas, sacrificando a construção sólida.

    Alinha-se ao conceito de ambição exacerbada ligada ao complexo de superioridade descrito por Alfred Adler, onde o indivíduo busca o sucesso a todo custo, muitas vezes sacrificando relações.

    Referência:

    Alfred Adler (Psicoterapeuta, Austríaco, 1870–1937) — psicologia individual e o complexo de superioridade.

    PARCEIRO MEDUSA (demandador) – Transforma colaboração em sobrecarga. Paralisa o fluxo com demandas excessivas e inseguranças camufladas, criando um ambiente tóxico que mina o entusiasmo e a colaboração. Você já deve ter conhecido um gestor de projetos que, ao formar uma equipe, repassa constantemente todas as responsabilidades para os membros, sem assumir tarefas ou dividir esforços. Isso sobrecarrega a equipe, gera desgaste e baixa motivação, causando atrasos e conflitos.

    Expressa o padrão de controle e dependência, estudados por Melanie Klein na teoria das relações objetais. Este parceiro suga energia do outro para suprir inseguranças e manter o controle da situação. Neste caso, pode ser um gestor que sobrecarrega sua equipe com demandas, delegando responsabilidades para evitar exposição.

    Referência:
    Melanie Klein (Psicanalista, Austríaca-Britânica, 1882–1960) — teoria das relações objetais e dinâmica de controle.

  • O PARCEIRO VERDADEIRO (colaborativo/estratégico) – Não precisa de rótulos. Ele aparece, contribui, respeita e constrói — com propósito e presença. Mantém a comunicação clara e aberta, cuida para que as mensagens não se percam nem causem ruídos. Ele sabe que a parceria é feita de confiança, reciprocidade e propósito comum. O bom parceiro valoriza tanto o resultado quanto a relação humana, reconhecendo que o sucesso verdadeiro só acontece quando ambos crescem juntos, como um colaborador que entrega resultados, apoia a equipe e mantém diálogo claro e respeitoso.

    Representa a parceria saudável fundamentada na teoria do apego adulto de John Bowlby, que enfatiza confiança, comunicação aberta e reciprocidade como base das relações duradouras.

    Referência:
    John Bowlby (Psiquiatra/Psicanalista, Britânico, 1907–1990) — teoria do apego adulto e sua importância nas relações profissionais.

Vivemos em um mundo acelerado, no qual os papéis dos parceiros se tornam cada vez mais fluidos e complexos. Mas o que define um parceiro ideal não é apenas o quanto ele ajuda no alcance das metas, mas também se é capaz de gerar sentimento positivo no outro, uma conexão humana que sustente a caminhada.

A famosa frase de Nicolau Maquiavel — “os fins justificam os meios” —, quando aplicada cegamente às parcerias, pode se tornar uma sentença de morte para qualquer relação, apagando a chama da confiança e da integridade.

Um parceiro de verdade sabe que o objetivo é coletivo, mas que o caminho importa tanto quanto a chegada. Ele tem consciência do seu papel e da influência que exerce — positiva ou negativa — na vida do outro. 

E você? Está cercado de parceiros verdadeiros ou de camelôs emocionais? Compartilhe sua experiência nos comentários — talvez ela ajude alguém a escapar de uma cilada profissional

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