Letras do Tempo | Blog do João Viegas

O menor começo de um futuro grande

A história dos micro e pequenos empreendimentos começa como um rio – muito pequeno, quase invisível, como o respeitável rio Amazonas, que nasce humilde e gotejante nos píncaros dos Andes peruanos e desce tamborilando sobre pedras e troncos, arbustos e saltos, obstáculos naturais, para, depois de longa viagem, assentar-se no solo brasileiro e transformar-se no rio mais caudaloso e agora também o mais longo do mundo, segundo pesquisa recente – um verdadeiro mar terra adentro.

Poucos são aqueles que vislumbram o potencial daquilo que é micro ou pequeno aos seus olhos, porque a percepção da sociedade, no geral, é distorcida, não percebendo que o dinamismo das relações interpessoais, que configuram o desenvolvimento socioeconômico do país, ocorre exatamente como a nascente de um rio que, tempos depois, já caudaloso, pesa no assoalho de terra, trazendo um movimento de energia tão grande que arrasta todos aqueles imersos em seu fluxo, ou que permanecem estáticos próximos à sua margem, imantando-os, recolhendo e espalhando a sua riqueza a tudo e a todos que permeiam a sua trajetória.

Essa história é também muito semelhante ao nascimento de uma grande idéia, que começa praticamente como um devaneio isolado, não rastreável pelo radar humano comum, e vai ganhando energia do seu criador, rodando incessantemente em sua mente, alimentada pela colaboração de indivíduos afins e que ganha a luz do mundo, muitas vezes, de forma inesperada. Desta mesma forma se configura o parto e a história de vida das micro e pequenas empresas.

As micro e pequenas empresas são entidades quase totalmente desacreditadas pelo organismo socioeconômico brasileiro, de forma injusta, por sinal, já que participam com aproximadamente 20 a 25% do PIB – Produto Interno Bruto do país; é a quarta perna da cadeira em que toda a sociedade descansa após sua jornada de trabalho. Ignorá-la, não valorizá-la ou simplesmente não fortificá-la significa, no mínimo, tombo certo e muito despreparo em gestão.

Configurando-se na forma mais expressiva de realização de negócios do país, contribuindo com mais de 90% de todos os negócios efetuados, e dando “pão formal” a mais de 50% da população, as micro e pequenas empresas mostram o seu valor, sua pujança e competitividade naturais. Dizer que é preciso valorizá-las e fomentá-las é pouco – é preciso agir, o quanto antes, e investir maciçamente naquilo que representa quase ¼ da saúde nacional.  Aproveitar a criatividade e a capacidade inata dos brasileiros de extrair muito do muito pouco é um dever de todos, sobretudo do aparelho de gestão governamental, a fim de que as bandeiras hasteadas quando da instalação de novos governos não sejam fixadas em terreno arenoso, sendo facilmente levadas pelo movimento natural das coisas, caindo no esquecimento geral da sociedade e se mostrando um frágil argumento em discursos de campanha. Se o pequeno consegue fazer com muito pouco, é dever do grande, que dispõe de todos os recursos, dar suporte, para que, um dia, as microempresas sejam pequenas e as pequenas sejam grandes, e que, por sua vez, auxiliem o novo ciclo que se reinicia a cada momento, como o movimento incessante e incansável da vida.

Em uma família, ajudar o menor a andar com as suas próprias pernas é mais do que simples obrigação, é um ato de amor e de preservação do futuro, é o empreendedorismo na concepção da palavra.

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