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O buraco do Hobbit – uma história sobre Gestão de Talentos

O buraco do Hobbit – uma história sobre Gestão de Talentos

Este texto é uma continuação reflexiva das lições extraídas de A Desolação de Smaug, abordadas em post anterior. Agora, mergulhamos no papel do improvável protagonista Bilbo Bolseiro e sua relação com pertencimento, liderança e cultura organizacional.

A maior lição que absorvi em O Hobbit é sobre o papel especial do desacreditado, do desconsiderado, daquele cara que não é bem vindo ao grupo, do último e “menos” talentoso a ser escolhido para integrar uma equipe – como o famoso jogador de futebol americano, Tom Brady. Bilbo Baggins, ou Bilbo Bolseiro, na tradução para o Português, trouxe a questão do “vim pra te ajudar, não sei o motivo ainda, nem tampouco você, mas eu vim”. Essa história e personagem tão pitorescos representam algo extremamente importante em nossas relações profissionais e pessoais – o sentimento de pertencimento gerado através do trabalho realizado e daquilo que o indivíduo passa a significar para si, para o outro e para o mundo, em função desse pertencimento.

Pertencimento

O pertencimento não nasce da aceitação imediata, mas da contribuição significativa. Bilbo não foi acolhido com entusiasmo, mas sua entrega e coragem o tornaram indispensável. Nas empresas, o pertencimento é construído quando o colaborador percebe que sua presença tem impacto real. Um estagiário, por exemplo, que propõe uma melhoria de processo, um colaborador tímido que resolve um conflito com empatia — esses são os “Bilbos” do mundo corporativo. Ignorar esses talentos silenciosos é desperdiçar capital humano.

Valor

Empresas que se prezem, ou que queiram ser prezadas (Marca Empregadora – Employer Branding), precisam, urgentemente, voltar seus olhos para o público interno, antes de qualquer coisa. Os processos de contratação, muitas vezes, são geridos de forma atropelada, sem conseguir capturar os valores subjetivos dos candidatos, por estarem focadas na necessidade “urgente” que a empresa tem de dar resultados positivos e encurtar ao máximo o prazo de contratação. É preciso identificar os valores objetivos do candidato e no quanto suas habilidades concretas se transformarão em cifras para a empresa, mas é essencial detectar a subjetividade que escapa à peneira voraz do funil de contratação com mecanismo ATS (sistema de rastreamento de candidatos).

Norte Cultural

Alguns recrutadores e chefes de RH se esquecem que, ao contratarem alguém, estão integrando para dentro do organismo vivo da empresa um ser complexo, uma célula delicada, com grande capacidade de mutação interna e plasticidade externa. O que transformará o candidato em um agente patogênico, podendo promover a discórdia e a queda geral, ou em um glóbulo branco, promovendo a saúde e os interesses da empresa, é o líder ou gestor da empresa, através do norte cultural, estabelecido e transmitido por ele PELO EXEMPLO DA AÇÃO.

O líder que consegue identificar os valores subjetivos e intangíveis de um anão medroso e desconfiado, sem porte atlético ou habilidades de espadachim, aproveitando-o em funções e áreas onde outros não podem chegar, demonstra, além de visão, grande capacidade de gestão de pessoas. Sobretudo, se reconhece a vulnerabilidade do anão em si mesmo, dá exemplo de humildade e liderança a todos, aproveitando todos os recursos disponíveis que lhe são apresentados. Isto é uma das bases da liderança – ver, acreditar, preparar e deixar que as pessoas assumam seu papel e função na organização do todo.

O buraco do Hobbit é, na verdade, o buraco da nossa própria percepção sobre valor, liderança e pertencimento. E talvez seja hora de parar de buscar heróis prontos e começar a enxergar os Bilbos que já estão entre nós — esperando apenas serem vistos.

Bilbo Baggins saindo do Bolsão em O Hobbit – Uma Jornada Inesperada.
Cena clássica de Bilbo Baggins deixando sua toca no Condado.

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