Já achava muito triste o homem ou a mulher precisarem de dizer que o são para garantirem seus direitos. No entanto, agora também há os homossexuais, claramente manifestados no mesmo rebanho. Tomara que agora, depois de escancaradas as portas da liberdade sexual, todos possam se reservar um pouco mais quanto a isso, no sentido de levarem o sexo, e sua forma pessoal de conduta, para a privacidade dos seus lares, ajudando a desbanalizar aquilo que não deveria ter saído de dentro de casa, mas que assim o foi para que aprendêssemos a sua importância e valor.
Aquele que precisa de rótulos perante a sociedade ainda está muito aquém de afirmar-se, pois, muito provavelmente, ainda não sustenta essa condição de forma harmônica e pacífica dentro de si, independentemente do aval alheio.
Que não se confunda aqui a necessidade de levar ao conhecimento da sociedade o que determinados grupos de indivíduos sofrem e necessitam – isto precisa ser feito e é parte do processo de livre manifestação do ser para o seu reconhecimento e coexistência sadia. Uma coisa são as discussões de ordem étnica, outra as de conduta individual. O que não parece razoável é massacrar os ouvidos e olhos do outro com algo que precisa retumbar afinadinho primeiro dentro do próprio homossexual, homem, mulher, negro, índio, etc., depois de bem limado e polido nas asperezas da própria alma de cada um.
Somente um alienígena precisa chegar a público e dizer que o é, porque não pertence à nossa espécie; nós somos todos iguais – humanos. Se não, daqui a pouco alguém chegará a alguma loja e dirá: “Escuta, eu sou gay/homem/mulher/negro/viking e queria falar com o seu gerente.”
Preservar a própria intimidade e deixar que o Outro o anuncie pelo o que você é na essência, e não pela sua página favorita do kama sutra, é o que parece ser um pouco mais razoável. Mas… em um mundo pós-Einstein, tudo é relativo.