Que grata surpresa tem sido conhecer cada vez mais a veia humorística refinada e a sutileza romântica de Woody Allen. Como, talvez, a grande maioria das pessoas, eu também não me identificava com o jeitão “cult-retrô-meio-blasé” do cineasta, roteirista, ator, músico e escritor Allan Stewart Königsberg – o Woody. Mas confesso que era exatamente como criança que diz que não gosta de comer algo quando nunca experimentou. A minha percepção era a das outras pessoas, críticos, etc.
Se não me engano, meu encontro de verdade com o Woody-ator foi no seu filme “O Grande Furo” (Scoop-2006), que me perdoem os entendidos e aficionados por cinema. Entretanto, bastou apenas um filme para que eu percebesse que Woody tem um humor sutil, algo primaveril, nem tímido tendendo à melancolia do outono, nem sombrio e gelado como o inverno, ou esfuziante e declarado como o verão; apenas suave e bordejante como a primavera, suas flores e pássaros.

Em Meia-Noite em Paris, Woody Allen dirige o filme magistralmente, na minha humilde e descreditada opinião. Aqueles que lembram de sua atuação em “O Grande Furo” talvez tragam marcado em suas memórias alguns dos seus traços particulares e percebam o quão influenciado e claramente “contaminado” ficou o ator e protagonista Owen Wilson (Gil) pelo diretor, externando cacoetes e expressões corporais muito típicas de Woody. Olwen Wilson encarnou com extrema leveza o papel de roteirista hollywoodiano bem remunerado, embora frustrado, e aspirante a escritor, adotando uma linha muito confortável de atuação que não demonstrava esforço algum para atingir a clareza e a dramaticidade que a personagem requer. Rachel McAdams (Inez), por sua vez, e agora a escolhida de Woody depois de três atuações de Scarlett Johansson com o diretor consagrado, interpretou seu papel tecnicamente correta, dentro da linha de expressão que a personagem demanda, sem atrair para si grande atenção.

O destaque do filme está exatamente atrás das câmeras e na história que é muito interessante e leve. Woody mostra uma Paris “lavada” de dia, sem rebuscamentos videocênicos e “photoshopagens” do gênero. Ele a mostra do jeitinho que quem já esteve lá sabe como é. Aliás, as reações do público no momento em que se deparam com os lugares típicos de visitação turística na Cidade-Luz vão de suspiros enternecidos a chiliques escancarados, dado o enorme número de brasileiros que rumam todos os anos para lá. Paris é coisa nossa, virou terreiro brazuca definitivamente. À noite, é o inverso – Paris é quente e atraente, quando e onde tudo acontece. O filme traz especial deleite para aqueles que gostam de literatura e artes em geral, porque mostra as figuras de grandes gênios da pintura e literatura, que não vou citar para não estragar a surpresa para os que ainda não viram o filme. Mas posso quase garantir àqueles cujos corações se encontram presentemente amaciados pelo carinho de alguém ou que estão na busca por uma história de amor, ou que apenas apreciam o ritmo mais tranquilo de uma boa história contada em um fim de tarde, de cotovelos postados sobre uma mesa de café – o filme é um prato cheio. Divirta-se!
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Também não me identifico com Woody Allen, mas vou confiar na dica e arrumar um tempinho para ir ao cinema esta semana. Depois te conto!
Posso te dizer que vale muito a pena. Bom, é só uma opinião. Você tem que ir mesmo para tirar suas conclusões do filme. Tomara que goste!
Lindo o filme!!!!
Linda é a pessoa com quem assisti ao filme – você.