Outro dia, eu estava para escrever no blog algo sobre “Atendimento Humanizado”. No entanto, eu ia abordar o assunto sob uma perspectiva ainda limitada, penso eu. Primeiro, porque toda vez que eu lia ou escutava algo sobre atendimento humanizado o termo soava aos meus ouvidos como uma batida estridente de martelo em ferro frio. Como pode ser? Atendimento humanizado? Ainda por cima na rede hospitalar? E por acaso já não somos humanos? Já não deveríamos e mereceríamos ser tratados com respeito, dignidade, profissionalismo, atenção e acolhimento por parte dos servidores, sejam públicos ou privados, independentemente se no âmbito hospitalar ou outro qualquer?
A minha resposta era “sim” para todas as qualidades acima descritas. Como conceber o uso do termo para algo que é tão evidente? Somos humanos, não somos? Foi aí que notei que não só as instituições, empresas e repartições perceberam que o cidadão precisa de atendimento humanizado, mas que somente agora eu também vejo que essas mesmas instituições, empresas e repartições se humanizam. É óbvio mesmo, entretanto esclareço.
A humanização que começa a nos ser oferecida se dá porque agora alguns estão se humanizando. Mais do que isso, entendo que só agora parece que estamos nos desanimalizando um pouco mais. Desanimalizar é humanizar, é reconhecer o outro como espelho de nós mesmos, é vê-lo como portador de nossos mesmos defeitos, necessidades e até alguns atributos; significa efetuar o processo de troca da vestimenta que recobre e reflete a nossa própria essência – uma roupagem ainda rude, grosseira, de aspecto que por vezes remete ao bestial, por uma roupagem mais suave, de aspecto mais ameno e traços que agora trazem referências realmente passíveis de serem chamadas humanas. Havia me esquecido que somos todos apenas animais, entretanto, racionais e sentimentais. Acho, que entendo então porque o saudoso Renato Russo cantava “Sou um animal sentimental /Me apego facilmente ao que desperta meu desejo…”
Talvez a humanização esteja começando somente agora pelo fato de que na outra ponta da corda estão pessoas comuns também – os servidores. Percebo, então, que não existe ponta ou lado fraco da corda – existe a corda. A posição é que está errada, ela não deve ficar na horizontal, e sim na vertical. Aí veremos que, na realidade, queremos o mais forte na outra ponta, porque sabemos que haverá alguém para nos segurar e amparar e, um dia, aprenderemos a desempenhar o mesmo papel.
O mais impressionante disso tudo é que Deus nos confiou o título de humanos muito antes mesmo que chegássemos a conquistá-lo com louvor, em sua integralidade. Apenas confiou em nossos esforços pessoais e coletivos, oferecendo-nos auxílio inequívoco – o tempo e o próximo.
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João,
Gosto de todos os seus textos.
O do Rubinho com o Senna me fez ampliar os conceitos e perspectivas.
Passei a valorizar o Rubinho sob uma ótica que não via.
Parabéns pelos insights
Oi, Cléia.
Obrigado pelo tempo da leitura. A intenção é esta – tentar contribuir de alguma forma com outras visões, de forma que cada um possa construir sua própria visão. E muito mais que apenas construir opiniões, que a partir delas passe a agir diferente.
Fique sempre ligada para opinar à vontade.
Abraço!