Nas minhas andanças virtuais, deparei com uma sequência de pôsteres de filmes que, lado a lado, eram praticamente iguais. Talvez você já tenha visto esse post em algum blog. O que me chama atenção — e raramente vejo escrito — é que, em geral, a postagem para no “curioso/polêmico” apenas para gerar curtidas, sem ir além do óbvio. Veja a sequência e seguimos o papo abaixo:

Captou o drama aí, caro leitor? De perto, parece que ninguém é criativo mesmo. Basta comparar as “grandes sacadas” dos cartazes. Só que nem sempre isso é preguiça ou cópia: muitas vezes, é o uso de atalhos que a mente do público já reconhece. No marketing, chamamos isso de códigos de categoria — sinais que deixam claro “do que se trata” a peça. Pense em filmes de ação com explosões alaranjadas sobre fundo azul; romances com casais encostados de costas; documentários de natureza mergulhados em azul. Esses códigos funcionam como placas de trânsito: ajudam a pessoa a não se perder. O risco está em ficar apenas no óbvio, sem nenhum traço seu que diferencie.

E aqui entra outra reflexão: ideias simultâneas. Muitas vezes, soluções parecidas aparecem em lugares distintos, no mesmo período. A ciência chama de multiple discovery — foi assim com Darwin e Wallace na teoria da evolução, ou Newton e Leibniz no cálculo. Ou seja: não basta “ter a ideia”. O diferencial é quem a coloca em prática primeiro, com consistência e velocidade.
Um exercício possível para testar criatividade, categoria e ação é:
- em 3 horas, liste os clichês que todo mundo repete;
- em 3 dias, crie versões que dialoguem com esse código mas tragam uma torção diferente;
- em 3 semanas, teste duas opções com pessoas reais e publique a vencedora.
Esse ritmo reduz a chance de você ver “a sua” ideia na vitrine alheia antes de agir.

Para não se perder na multidão, vale investir nos seus sinais de autoria — o marketing chama de ativos distintivos. São elementos que fazem a peça “parecer sua” mesmo sem logo: uma cor recorrente, um padrão gráfico, uma moldura, um mascote, até um jeito particular de fotografar. Pense neles como a assinatura da sua voz. Faça um teste rápido: se eu mostrar sua peça por 1 segundo, sem logo, alguém reconhece que é sua?

Outro ponto crucial é ligar a mensagem aos momentos reais de uso ou compra. No marketing, chamamos de pontos de entrada da categoria: situações em que a lembrança de um produto ou ideia é acionada. Exemplo: se seu tema é foco, os gatilhos são claros — hora de estudo, rotina no home office, noite sem rolagem infinita. Se sua marca ou mensagem aparece nesses momentos, com seus sinais próprios, a chance de ser lembrada cresce muito.

E quantas vezes você teve uma ideia que julgava única, pioneira… mas por adiar, viu outro apresentar na semana seguinte? Quantas vezes? Essa sensação dói porque lembra que ideias também são descobertas: já estavam lá, só esperando alguém levantar o véu. Se quiser medir se sua comunicação está no caminho: pergunte a dez pessoas o que ficou na cabeça, de quem acham que era a peça e em que contexto usariam aquilo. Se elas citarem você e um momento concreto, sua assinatura está funcionando.
No fim, é simples: siga o código para ser reconhecido e assine com o seu traço para ser lembrado. O mundo pode até parecer repetido de perto, mas quem age, ajusta e assina encontra o próprio espaço.
Já tinha pensado assim? Entre na LOJA DO BLOG e descubra outras formas de perceber, naturalmente, a comunicação entre as coisas que esquecemos em nossos tempos de Internet.