Letras do Tempo | Blog do João Viegas

Você é um solucionador de problemas?

Li, há um tempo, que a grande maioria dos nossos problemas está ligada à comunicação, devido ao fato de que nosso vocabulário é demasiado limitado, e que esta limitação também é um dos vários fatores que nos impedem de sermos bons solucionadores de problemas – isso nas minhas palavras. Gostaria de levantar uma lebre interessante para o leitor. Na Língua Inglesa, que diz-se ser o idioma com o maior vocabulário do mundo, há um termo muito usado pelos americanos no ambiente organizacional – o problem solver (Solucionador de Problemas). Levando-se em conta que a grande maioria dos nossos problemas está diretamente ligada com a nossa capacidade de nos entendermos reciprocamente, pela nossa linguagem (verbal ou não-verbal), e sendo isso um gerador de problemas, em qual tipo de solucionador de problemas você se encontra? Alguém que usa mais as palavras, como o tipo filósofo, ou alguém que executa as coisas, do estilo “mão-na-massa”? Escolha com calma antes de se posicionar, refletindo no que esses grupos significam com mais profundidade e tentando abstrair ao máximo os significados escondidos e não só o pé-da-letra.

A cada dia que passa, reparo mais e mais no comportamento das pessoas “mão-na-massa”. É sempre bom ter gente mão-na-massa por perto, não é verdade? Triscou, relou e estão sempre ao lado, com mãos postas, esperando para ajudar da melhor forma. Gente dinâmica, alegre, e geralmente de bem com vida, embora frequentemente ansiosos, estão ali prontos para gastarem suas energias e serem úteis. São aquelas pessoas chamadas pragmáticas. Fazer é com eles.

Do outro lado do ringue, de calções pretos, os “famigerados” filósofos – pensativos, introspectivos, lentos e de olhar vago, graduados ou “de plantão”. Muito admirados por uns, mas desqualificados por outros. Alguns pegam pesado com essa classe. Outro dia, escutei de uma colega assim: “Odeio filosofia.” E então, querendo sondar um motivo mais concreto,  perguntei: “Por quê?” – e incitei: “Você sabe o que significa a palavra filosofia, ou filósofo?”. Ela disse que não, e então eu arrematei: Filósofo significa “aquele que tem amor à sabedoria”. Ela disse: “É, mas mesmo assim.” E ficou por isso mesmo.

Se você é um daqueles que odeia com todas as forças a filosofia, pode também pensar assim depois de ouvir a definição. Bem, de certo, qualquer um ficaria ressentido em se admitir um ignorante confesso, sendo alguém que odeia o conhecimento e, assim sendo, não progride. Nós, geralmente, tendemos a odiar aquilo que desconhecemos a fundo e temos dificuldade de entender. Além disso, muitas palavras, dependendo do momento e de como foram usadas desde sua criação, tomam significados conotativos extremamente pejorativos, um exemplo disso são as palavras filosofia e filósofo, sem falarmos em religião. Muita gente acha que filosofia é coisa de vagabundo ou de quem só quer aporrinhar o outro com pensamentos profundos e divagação.

Achismos de lado, o que importa perceber, em se trantando de comunicação em casa, na sala de aula ou no mercado de trabalho, é que entre gente mão-na-massa e gente que filosofa, nenhum dos dois grupos vai a lugar algum se não se derem as mãos. O filósofo é inútil em seu pensamento se não há alguém para torná-lo real, ou para simplesmente evidenciá-lo através da presença viva daquilo que pensa. E o mão-na-massa é igualmente inútil se tiver mãos que operam a esmo, ou que só aguardam ordens, porque dependem de uma premissa do pensamento do outro para se moverem. Não podemos ignorar o pensamento, como não podemos ignorar as mãos. Um é extensão do outro em ciclo – pensamento > ação > resultado > novo pensamento > nova ação > novo resultado. Ignorar um ao outro é o atestado de maior ignorância que se pode passar.

Interessante… acaba de me ocorrer uma frase do filósofo grego Aristóteles, que dizia: “In medium virtus” – “A virtude está no meio.”  Afinal de contas, não teria Deus nos dado uma mente pensante e mãos atuantes para equilibrarmos a forma de resolver as coisas?

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